quarta-feira, 15 de julho de 2009

Madrugada

3.11 da madrugada...

As horas passam sem se fazer anunciar enquanto espero por quem tende em não chegar.
Mantenho-me estendido nos lençóis de olhos abertos, testando a minha eterna paciência e observando a dança envolvente e hipnotizante das sombras.

Até que me deixo levar...

Os olhos mentêm-se abertos mas perdem o ritmo da dança. O brilho que há momentos apresentavam desapareceu dando lugar a duas esferas de vidro baço.
Mergulho nas profundezas da minha mente e perco o rumo.
Torno-me num barco de vela rasgada à deriva num mar tempestuoso de pensamentos, escurecido por um manto de nuvens de tristeza e chicoteado pelos quatro ventos: interrogação, negação, arrependimento e inconformismo.
Perco a definição de tempo enquanto sou açoitado por ondas de questões sem resposta, fulminado por raios de verdades cruéis e arrebatado por trovões de lembranças torturantes.

5.53

Tal como depois da tempestade vem a bonança, as sobras dançantes começam-se a desvanecer com os primeiros raios de luz que anunciam a breve chegada de alguém que ainda se encontra para lá do horizonte.
Porém, os contornos que estas antes cobriam tornam-se desfocados. Quem tardou a chegar começa a dar ares da sua graça.

Os cansados olhos escondem-se e eu deixo-me flutuar para o desconhecido...